sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Gravação de um CD DEMO


Cumprindo minha promessa feita no artigo anterior (Etapas da Produção de um CD), hoje falarei sobre gravação de CD Demonstrativo (antigamente chamada de fita demo) mas, que ao longo do texto, chamarei apenas de CD Demo. A primeira coisa a frisar aqui é que CD Demo não deve ser sinônimo de algo mal gravado. Existe, sim, maneiras diferentes de gravar um CD Demo.
Mas afinal, o que é um CD Demo? Como o próprio nome já diz é um material demonstrativo, é o cartão de visitas de uma banda ou um cantor solo.
Sempre que bandas me procuram para gravar um Demo faço a seguinte pergunta: “Qual o objetivo desta Demo”? Parece óbvio, mas o “público alvo” norteará a forma da gravação. Então, vamos falar um pouco sobre o “público alvo” e, logo em seguida falaremos como pode ser feita a gravação.
Algumas bandas utilizam o CD Demo para apresentar seu trabalho à Gravadoras ou Selos; enviar a programas de Rádio/TV; divulgar na Internet; enviar para Festivais; mostrar a algum produtor musical; vender em shows; enfim, objetivos não faltam.
Seguindo este raciocínio, peço às bandas que se coloquem no lugar do “público alvo”. Como assim? Simples! Use o bom censo e, se coloquem no lugar de quem irá ouvir o CD e qual impressão querem que ele tenha. A partir dai a decisão de como será feita a gravação se tornará mais fácil.
Depois de respondida esta pergunta anterior, podemos seguir e falar sobre as formas de gravar um CD Demo. A maneira escolhida poderá ser uma gravação de ensaio; uma gravação ao vivo em estúdio (gravado em canais separados) ou até mesmo uma gravação profissional. Isso mesmo! Uma gravação profissional pode – e deve – ser utilizada para a função de “Demo”. Vejamos alguns exemplos:
Vamos tomar como primeiro exemplo de “público alvo” uma Gravadora ou Selo. Ao ouvir o CD de uma banda, a Gravadora ou Selo subintende que ali, naquele CD, está o máximo da banda; o máximo que eles podem fazer. A primeira impressão é a que fica, portanto, envie um material profissional. Pegue o dinheiro que iria para gravação de 10 músicas do tipo “ensaio” e faça uma gravação profissional nem que seja de 1 música. Escolha a melhor música, procure bons profissionais/estúdios, faça bons arranjos, ensaie bastante e grave bem. Lembre-se que semanalmente chegam dezenas de CDs às mãos dos diretores artísticos das Gravadoras e Selos, por isso, seja um diferencial!
Outro exemplo, é a gravação de CD Demo para enviar a Festivais de Música. Geralmente estes festivais avaliam a banda como um todo (letra, música, entrosamento, arranjos etc). Portanto uma boa gravação ao vivo em estúdio ou uma boa gravação de ensaio já dará uma boa noção aos organizadores do “som” da banda. Atente-se para a clareza deste material, voz audível e inteligível, ok? Recentemente fui co-organizador do Festival Melodia e eliminei várias bandas por conta deste quesito.
Internet – um dos meios mais democráticos e baratos de se divulgar um trabalho. Porém, à distância de um clique do mouse, o internauta poderá trocar tua banda por outra que apresente um material melhor. No mundo virtual tudo é muito rápido; então coloque na rede algo de qualidade, que prenda a atenção do público – como dito anteriormente – nem que seja apenas 1 música profissional. O público subintenderá que o restante do repertório da banda é do mesmo nível e, assim os resultados certamente virão.
Para finalizar deixo uma dica: Gravando 1, 2 ou 3 músicas profissionalmente, a banda terá nas mãos um material de divulgação muito mais versátil (para usar na Internet, Gravadoras, EP’s, Festivais) do que uma gravação simples de ensaio ou gravação ao vivo em estúdio que se restringe a pouco uso.
Abraço e até a próxima!!


ETAPAS DA PRODUÇÃO DE UM CD (Resumo)



Este artigo é minha estréia na Acesso Gospel e, será um grande prazer poder compartilhar com os leitores alguns conhecimentos e dicas sobre o mundo da música. Vou começar com um resumo sobre o processo de gravação de um CD. São dicas simples, porém é onde muitos erram.
Tudo na vida que é feito de forma organizada obtém melhores resultados e, na música não é diferente. Assim, podemos dividir a produção de CD em partes que vão nos levar a melhores resultados. Em uma próxima oportunidade falarei especificamente sobre gravação de CD demo – abreviatura de demonstrativo, ok? (risos).
Antes de tudo é necessário que haja um definição musical: rock, sertanejo, reggae, pop etc. Digo isso pois muitos CDs poderiam ter o título “Salada Mista Volume 1”. Vamos à descrição resumida das etapas:
Escolha do repertório: As músicas que vão compor o repertório devem ser escolhidas com base no conceito do CD. Parece uma tarefa fácil, mas principalmente bandas tem dificuldades nesta fase, pois alguns integrantes não abrem mão de suas composições entrarem no CD. É preciso ter humildade e maturidade, afinal as músicas gravadas serão o “cartão de visita” da banda. Se a música não é boa ou não se encaixa na proposta do CD por deverá ser incluída? Por isso a importância do produtor musical, que é alguém mais preparado para tomar esta decisão tão importante. Isto também serve para o artista solo;
Pré-Produção: Aqui os arranjos, a estrutura, timbres, tonalidade, andamento das músicas é definido. Em trabalhos profissionais, com produtor musical, são feitas prévias das músicas arranjadas, através de gravações de ensaio ou programações digitais. Assim o que precisar ser alterado será feito nesta etapa evitando, assim, contratempos na hora da gravação oficial. Depois de tudo acertado na pré-produção é hora de ensaiar as versões finais das músicas que devem ser feitas, preferencialmente, com o uso do metrônomo (instrumento que marca o andamento de uma peça musical).
Produção: Depois de tudo definido na pré-produção e, depois de bastante ensaio chega a hora da banda gravar em estúdio. Esta é fase da produção. O ideal é que um produtor musical acompanhe todas as gravações para dirigir as sessões, auxiliando os músicos e cantores alcançarem o maior rendimento possível.
Pós-Produção: Nesta fase as edições necessárias são feitas, inclusive correção de tempo e afinação de vozes e instrumentos solo, além de gravações adicionais (caso seja necessário).
Mixagem: Vem do termo inglês mixing que significa mistura, ou seja, são feitos ajustes de volume, automação, panorama, efeitos, compressão, limitação, fades, crossfades, etc com o objetivo que proporcionar a melhor interação (mistura) dos elementos da música (vozes e instrumentos).
Masterização: Fase final onde as músicas já mixadas são trabalhadas para obter uma homogeneidade tanto em volume entre as músicas quanto em equalização geral. Aqui é feito o CD-Matriz final que será enviado para a duplicação.
Para um CD de artista solo sem banda, o ideal é procurar um produtor musical que montará a equipe de trabalho e direcionará e acompanhará o trabalho do início ao fim.
Este primeiro artigo foi um resumo geral; em outras oportunidades estarei tratando dos assuntos mais específicos. Sugestões e críticas também são bem vindas. Até a próxima.
RONAN BARROS é produtor musical, compositor, guitarrista, ex-integrante da banda Livre Arbítrio e sócio do Estúdio Melodia (Brasília/DF). Contatos através do site www.ronanbarros.com